‘Grandes’ homens e seus limites

Por Max Franco
Todos
nós temos as nossas limitações. Temos as barreiras que precisam ser superadas
para mudarmos o mundo e, ao mesmo tempo, sermos mudados. A história apresenta
os “grandes” homens que, apesar das suas limitações, conseguiram nos legar grandes
exemplos de que é possível superar os limites, e não aceitarmos o ponto final
como um veredicto existencial. César, o primeiro ditador perpétuo e que pôs fim
à República Romana era epilético. O grande apóstolo Paulo que foi o responsável
pela propagação do Evangelho para além dos limites da Palestina, tinha um
“espinho na carne”. Franklin Delano Roosevelt que liderou e tirou os EUA da
grande Depressão nos anos de 1930 e 1940 do século passado, estava preso a uma
cadeira de rodas em função de uma poliomielite.
O
homem que ousou desafiar as ordens do Senado e atravessou o Rubicão com suas
legiões e se auto proclamou ditador perpétuo de Roma era epilético, orador
brilhante e mulherengo. Seis anos antes de Marco Antônio render-se aos encantos
de Cleópata, César que havia conquistado Alexandria, não resistiu à beleza e
sedução da rainha do Egito e esta ainda lhe dá um filho. Com este epilético
aprendemos que os segundos de convulsão não são motivos para não agirmos e
fazermos a tarefa que repousa sobre nossos ombros.
O
livro de I Coríntios narra os inúmeros sofrimentos que o apóstolo Paulo sofreu
para levar a nova doutrina a todo o mundo. Naufrágios, perseguições, prisões,
açoites em públicos, traições entre falsos irmãos, fome e toda sorte de
privações. O espinho na carne de Paulo tem sido especulado pelos teólogos ao
longo dos anos e não há consenso sobre o que é este espinho. O certo é, que
mesmo ele se queixando sobre o espinho como um mensageiro de Satanás para lhe
atormentar, e assim, não gloriasse em seus feitos, mas atribuiria a Deus. O
grande apóstolo dos gentios afirmava que estava disposto a anunciar o Evangelho
a todos os homens debaixo do céu.
Grandes
desafios exigem homens de fibra para enfrentá-los. E foi o que aconteceu nos
Estados Unidos da América, no período da grande Depressão e por quase toda a
segunda Guerra Mundial. Franklin Delano Rooseverlt, eleitos quatro vezes
presidente dos EUA, foi um grande homem com limitações em suas pernas em função
de uma poliomielite contraída aos 29 anos, mas isso não o impediu de colocar a
casa em ordem com a New Deal e, em seguida liderasse, os aliados
contra a máquina de guerra das tropas do Eixo: Alemanha, Japão e Itália. Mesmo
que até o ataque japonês a Pearl Harbour, os estadunidenses estavam
apenas de “camarote” fornecendo material bélico e suprimentos aos beligerantes.
Mas a liderança de Franklin e Stalin foi decisiva para a vitória dos aliados.
O
homem é fruto do seu tempo e, consequentemente, as repostas só podem ser dadas
pelos que estão no lugar e na hora certa. Se este sujeito tiver limitações, a
mesma não poder ser invocada como desculpa. César, com sua epilepsia, foi além
dos limites imposto pelo Senado e pôs fim a res pública (coisa
pública) e implanta o Império. Paulo, com seu espinho na carne, levou ao pé da
letra o mandamento do Nazareno. Ide e fazei discípulos por todo o mundo.
Franklin, mesmo limitado a uma cadeira, agiu como devem agir os estadistas e
não ficou vendo o caos em seu país, nem o triunfo repentino dos alemães sobre a
Europa.
E
nós, quais são as cruzes e limites que temos? Claro que não defendemos a
história dos “grandes” homens, mas a história feita por todos os homens. O
certo é que os desafios que são postos diante de cada um de nós são para serem
solucionados. Mesmo que sejam “pequenos” atos, que valerão sempre apena, tanto
para nós nos sentirmos úteis, como exemplos para os que estão próximos. Pois
cada geração sempre educa a geração seguinte. A sua cruz é do tamanho da sua
possibilidade. Pense nisso!
Max Franco
É mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia
Francisco França Miguel
É mestre em Letras
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