O silêncio “ensurdecedor” dos vereadores de Conde ante as denúncias da Calvário
Diz-se entre os cidadãos esclarecidos de
Conde-PB, principalmente os mais politizados, que a “caça às bruxas” em curso
na Câmara de Conde, com direito a cobertura especial de veículos de imprensa
que se acredita estarem a serviço do hoje principal articulador da gestão, não
é mais que uma cortina de fumaça.
Os vereadores de Conde seriam, para
alguns, o “boi de piranha” do governo municipal que está atolado em denúncias
da Operação Calvário. Um rápido passeio pela história recente do município
provará que esta conclusão não pode ser desprezada. Quer ver?
Doação de campanha
Leandro Nunes de Azevedo, primeiro
paraibano preso na Operação Calvário, que inicialmente investigava o desvio de
verba pública através da Cruz Vermelha, acusado de operar o esquema dando
trânsito ao dinheiro, é um dos doadores da campanha que elegeu Márcia Lucena
(PSB) a prefeita de Conde. Confira o comprovante de doação:
Até ser preso ele era assessor da Secretária de
Administração do Estado, Livânia Farias.
Secretário-laranja
A
4ª fase da Operação Calvário prendeu Maria Laura Caldas Carneiro e expôs uma
farsa na administração de Márcia Lucena, Ricardo Jorge Madruga, até então
apresentado como secretário de finanças da Conde, e que foi alvo de um mandado
de busca e apreensão, não era sequer nomeado oficialmente.
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Ricardo Jorge Madruga e Maria Laura Caldas Carneiro |
Descobriu-se
que ele foi nomeado como assessor especial por Márcia, em 2 de abril de 2018, e
exonerado em 20 de agosto, e que em 28 de setembro, a prefeita nomeou sua
esposa em seu lugar. No entanto, Ricardo continuou a participar de reuniões de
trabalho da prefeita do Conde:
-
Dia 29 de abril de 2019 ele justifica a necessidade de “mexer” na verba do Governo
Federal da educação básica na Câmara dos vereadores, representando a gestão;
-
Dia 15 de abril de 2019 ele aparece ao lado da prefeita Márcia Lucena, como
integrante de sua equipe;
-
Dia 19 de dezembro de 2018 Ricardo participou da Sessão da Câmara de Vereadores
que discutiu o projeto da Planta Genérica de Valores – PGV, representando a
prefeitura.
Enquanto
ele participava das atividades sem ser nomeado, servidores dizem que em nenhum
momento a esposa de Madruga esteve em serviço na cidade.
Diz-se
ironicamente que Márcia inovou criando o “secretário-laranja”.
LimpMax
Alguns
ex-aliados de Márcia dizem do nervosismo da prefeita sempre que o assunto era
CPI DO LIXO. Agora está esclarecido: o Ministério Público da Paraíba (Gaeco) se
interessou pelo processo nº 1070/17, em tramitação no Tribunal de Contas do
Estado da Paraíba – TCE, após investigações no âmbito da Operação Calvário em
função da delação da ex-secretária Livânia Farias, que teria ligações com a LimpMax
e com o empresário Thiago Cartaxo.
Os
auditores do TCE tentam entender a contratação sem licitação da LimpMax em 2 de
janeiro de 2017 pelo valor inicial de R$ 1.486.530,00, seguido de um
aditivo de R$ 1.224.157,45.
Apenas
nos 2 primeiros anos de gestão a LimpMax levou 10,5 milhões de reais dos cofres
da Prefeitura de Conde. Fala-se que a delação de Livânia detalha as operações
da organização criminosa no Conde e pode pôr fim a curta carreira política de
Márcia, que já diz entre os servidores quem não se candidatará a reeleição.
O
silêncio
Os
vereadores sabem o preço de enfrentar Márcia Lucena. Provaram desse “veneno”
nas duas vezes que, amparados pela Constituição Federal, pela Lei Orgânica do
Município e pelo Estatuto Interno da Câmara, decidiram eleger mesas diretoras
que não tinham “a benção” da prefeita. Nestes momentos houveram interferências estranhas
no âmbito pessoal, profissional e político dos envolvidos nos processos que a
gestora condenou, bem como a presença de “articuladores” informais enviados por
seu padrinho político que necessita ter o controle dos poderes locais para
garantir o retorno de investimentos realizados nas terras condenses.
Ainda
que amparados por fatos verídicos e amplamente divulgados, resta aos vereadores
a obrigação do silêncio. Se me perguntar porque os vereadores estão calados, eu
respondo apenas:
-
Formiga sabe que roça come!
Eudes Santiago
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